Crianças e adolescentes precisam conhecer seu próprio valor como obras especiais dentro do coração. É a partir dessa valorização que irão compreender o valor do outro, qualquer que seja a sua condição. Quem não valoriza o ser humano está desvalorizando também o grande artista que criou todos nós com capacidade de amar e de ser amados, de criar, de transformar a vida.
Por trás do tráfico de pessoas (para trabalho escravo, adoções ilegais, exploração sexual, comércio de órgãos) está a colocação do dinheiro e dos bens de mercado como valor supremo, absoluto. O abuso sexual aparece também como um modo de tratar o corpo como objeto. Crianças e adolescentes precisam crescer sabendo identificar o que realmente é importante. A questão do sentido da vida humana deve ser abordada a partir de recursos ao alcance de cada faixa etária. O mesmo vale para os exemplos que serão apresentados de acordo com a sensibilidade de cada grupo de catequizandos. Apesar de gravidade e de certos aspectos pesados do tema, possivelmente as crianças estarão mais dispostas a valorizar o que vai ser refletido, a partir da própria inocência com que contemplam a vida.
Desenvolvimento do encontro
Preparação do local: Colocar em destaque o cartaz da Campanha da Fraternidade e a Bíblia. Prepara uma folha com três colunas e com os títulos: coisa barata, coisa muito caras, o que não tem preço. Trazer figuras de pessoas de variadas etnias, idades, situação social e anúncio de produtos que estão a venda. Compor faixas com os textos bíblicos citados.
Apresentação do tema
Serão apresentados o cartaz e o tema, com uma explicação do significado geral de tráfico humano (trabalho escravo, exploração de atividade sexual, venda de crianças para adoção ilegal e comércio de órgãos) adaptada à idade e à sensibilidade dos catequizandos. Aí pode comparar o que o grupo já sabe sobre o processo de escravidão vivido em outros tempos com os tipos de escravidão que podem ocorrer ainda hoje.
Podemos vender coisas e não pessoas. Por quê?
Todos os dias vemos anúncios que mostram como é o nosso sistema de compra e venda (apresentar recortes de anúncios publicados em revistas, folhetos e jornais, com o preço de cada mercadoria anunciada). Por que algumas coisas são mais caras do que as outras?
Devemos comprar tudo que desejarmos? Há pessoas que só se sentem valorizadas se estiverem usando o que a propaganda diz que é indispensável. Mas quem será que tem mais valor: o jovem (ou a criança) que vive exigindo dos pais tudo o que os colegas estiverem usando ou quem sabe fica sem alguma coisa quando percebe que isso vai ser um sacrifício para os pais? O que é mais valioso para nós: um presente caro ou a alegria de estarmos sendo os melhores amigos dos nossos pais e de todos que cuidam de nós? Vale mais um brinquedo, uma roupa da moda, ou a amizade, a ajuda dos amigos e da família, a descoberta de nossas próprias qualidades?
Há coisas que podemos comprar e outras (mais preciosas ainda) que não tem preço.
O catequista apresenta a folha com as três colunas. Os anúncios serão colados nas duas primeiras colunas e as figuras das pessoas na última:
Uma história que nos dá bom exemplo
Vamos pensar um pouco na história do Pinóquio. Gepeto era um fabricante de brinquedos, vivia disso: fazia os brinquedos e vendia. Um brinquedo mais caprichado, com mais recursos, certamente seria mais caro. Gepeto, porém, queria algo muito especial: não queria ser o melhor fabricante de brinquedos do mundo, queria ter um filho para amar. Fez o Pinóquio com muito cuidado, mas só ficou contente de verdade quando o boneco ganhou vida: agora ele poderia lhe trazer muita fama, ele não iria nunca querer vender, porque era amado como algo que não tem preço. O que havia no Pinóquio agora que fazia dele algo tão especial?
Esse Gepeto pode nos fazer pensar no nosso Deus. Ele criou muitas coisas, mas ao fazer os seres humanos, pensou neles como filhos a serem amados. Com certeza, toda a criação merece ser bem cuidada, mas as pessoas que Deus tanto ama, e que são também capazes de amar, precisam ter um tratamento especial.
Quando o tráfico de pessoas leva gente para longe de tudo, não é somente a vida daquela pessoa que está sendo estragada; todo um futuro bom para muitos outros está deixando de existir quando se impede uma pessoa de desenvolver livremente seus dons, de criar coisas boas com liberdade, de cuidar bem daquelas a quem ama.
(para colorir)
Alguém poderia dizer que não tem nada a ver com isso?
Quando alguém da nossa família é maltratado, achamos que não temos nada a ver com isso? Somos todos parte de uma família maior de filhos e filhas de Deus. De alguma forma, tudo que é feito a outro ser humano nos atinge. Se alguém acha a dignidade de uma pessoa por ser ignorada, essa pessoa está de fato pondo em perigo a dignidade de todas as pessoas, porque cada exceção vai tomando mais fácil desrespeitar a regra geral. Foi por isso que, há muitos séculos, o filosofo Sêneca já dizia: “Tua casa está em perigo quando a casa do vizinho está em chamas”. Concordamos com Sêneca? Podemos pensar em exemplos que mostrem como a insegurança dos outros que nos atinge? Quando respeitamos o outro, estamos indicando que queremos ser respeitados e estamos ajudando a perceber como esse respeito é importante para todos.
Quem segue Jesus não pode se conformar com a injustiça feita a qualquer pessoa, nenhuma vida pode ser desrespeitada. Quem faz tráfico de pessoas (enganado e escravizando trabalhadores e crianças, transformando relacionamentos sexuais em fonte de lucro) está tratando um ser humano como se fosse uma mercadoria. Jesus nunca iria concordar com isso!
Para Deus, todos somos amados, especiais e importantes.
(para colorir)
Atividade para casa
Converse com a família sobre o valor do ser humano e fazer algum gesto que mostre que sabemos que as pessoas são preciosas. Exemplo: agradecer o amor que recebemos, fazer uma gentileza para alguém que nos presta serviços.
Oração final encerrando o encontro.
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